"Que há de mais íntimo à vida que a própria vida, a história dos nossos primeiros momentos e dos nossos últimos instantes? Por vezes, ao contemplarmos a maravilha que somos, arrebata-nos uma vertigem. Esta vida, que recebemos, podemos transmiti-la. Poder imenso. E,depois, esta vida um dia passará. A nossa e a daqueles que amamos. Última ilusão ou única e verdadeira manhã? Transmissores de vida, eis aí uma aventura à altura dos nossos sonhos.
Mas como não nos enganarmos? Até que ponto se pode ir no controlo da vida que começa ou acaba? A ciência é,verdadeiramente, a árvore do conhecimento do bem e do mal. Toda a nossa responsabilidade consiste em tentar colher os frutos bons e não trincar os frutos maus, nem oferecê-los aos nossos descendentes.
Eis o desafio do Manual de Bioética para Jovens desmontar as palavras para perspectivar de novo a realidade dos factos biológicos e as suas implicações
éticas. O que queremos dizer, por exemplo, quando se sugere a uma
mulher uma redução embrionária ou um diagnóstico pré-implantação? Com uma abordagem científica e factual, o Manual de Bioética para Jovens
propõe pistas de reflexão.
Alguns ficarão talvez surpreendidos ao descobrirem o peso da nossa responsabilidade, enquanto homens e mulheres, perante a transmissão da
vida. Há uma coisa que me parece muito importante precisar: o que cada
um descobrir deve ajudá-lo a julgar os actos. Em contrapartida,nunca devemos julgar as pessoas que não fizeram as mesmas escolhas. Compete-nos antes esclarecê-las e ajudá-las.
O Manual é também um meio para corrigir um ensino, por vezes desvirtuado
nos manuais escolares. O estudo dessas obras mostra que apresentam quantitativamente poucos erros. Mas um só, grave, pode ser suficiente para orientar ou antes desorientar toda a reflexão ética.
Ora, nós encontrámos dois erros importantes. O primeiro é um erro de
perspectiva: a procriação é ensinada quase exclusivamente através
do prisma redutor do seu controlo, desumanizando os momentos mais
íntimos da vida humana. O segundo é um erro científico: a gravidez é apresentada como se apenas tivesse início com a nidação no útero, isto é, ao sétimo dia.
Estas páginas convidam, portanto, a ter uma atitude de prudência e firmeza, mantendo o rumo e firmando o leme. Ouve-se insistentemente dizer que as práticas descritas neste Manual devem ser todas permitidas pela lei, desde que sejam tecnicamente possíveis. Procurem resistira
estas ideias estreitas, na aparência liberais, mas, na realidade,
totalitárias, pois conduzem à arbitrariedade dos mais fortes.
Ouve-se também falar de escolha. Mas de que se trata? O que significa ter o poder de vida e de morte sobre alguém, só porque a lei o permite?
O que é legal não é necessariamente justo. E as leis injustas não são leis.
Que futuro nos promete uma sociedade em que o modelo feminino pretende construir a sua identidade matando o próprio filho e em que a morte programada dos mais velhos e dos mais vulneráveis é apresentada como o cúmulo da compaixão?
Porque a vida é bela e é urgente redescobrir em nós e nos outros um olhar de encantamento, torna-se necessário remover os obstáculos que nos limitam a visão."
ADAV - Associação de Defesa e Apoio da Vida
Associação das Famílias
* Breve nota à edição portuguesa: os responsáveis pela edição francesa permitiram a substituição da legislação nos quadros específicos constantes da obra. Já nas perguntas e respostas, procedeu-se,em regra, à tradução da versão francesa, tendo-se acrescentado,sempre que possível, dados sobre a situação portuguesa.
ÍNDICE
1 / História do pequeno ser humano2 / O abortamento3 / O diagnóstico pré-natal4 / A procriação medicamente assistida5 / O diagnóstico pré-implantação6 / Investigação com embriões7 / Eutanásia/Dádiva de órgãos
Em cada capítulo encontram-se as rubricas:
• O que é...?• Os métodos• A legislação• Perguntas...• Reflexões éticas• Testemunhos
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